quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A TRISTEZA




A tristeza não é um fardo. Ela é um evento condicionante da vida, e prepara seu organismo para se distanciar de fatos ou de pessoas que lhe ameaçaram a integridade física e/ou moral. Para tanto, a tristeza imprime, através de complicadíssimas remodelações neurofisiológicas, um traço de memória no seu hipocampo, região claramente relacionada com a memória, e na sua amígdala, região cerebral encarregada de reações aversivas, como medo e pânico.
Estar triste significa estar se preparando para jamais enfrentar determinadas situações novamente, com o mesmo despreparo psíquico, com a mesma alma serena e aberta. Porque a vida não é uma sequência de fatos lindos, permeados por pessoas excelentes. Muito pelo contrário. A vida traz, diariamente, armadilhas cruéis, contra as quais precisamos formar mecanismos eficientes de defesa.
Afinal, não se vive: sobrevive-se.
Diante da tristeza, chore, entregue-se a ela em toda a sua plenitude, sabendo que o resultado será a construção de um pequeno novo circuito neural, que lhe impedirá de cair na mesma armadilha que lhe levou a estar triste agora.
Não use mecanismos de defesa. Não se drogue, não beba. Evite as medicações, se possível. Deixe que seu cérebro se encarregue de formar as novas bases para que você não seja tão frágil quanto tem sido.
Estar triste significa estar crescendo, mudando, amadurecendo.
Como todo processo maturacional do cérebro, este em curso também tem um princípio, um meio e um fim. Ou seja: sua tristeza vai passar.
Tenha um pouco de paciência, e aproveite esse tempo para se conhecer melhor, para reorganizar seu ego, para se adaptar a um novo ser que surgirá, ao final do processo. Acarinhe-se, lamba suas feridas, aproxime-se mais do belo ser que lhe habita, e do qual você se esqueceu tantas vezes, nessa temporada de tanto se doar e de tanto se fragmentar.
Uma nova realidade chegará muito em breve, que não incluirá jamais a fragilidade à qual você se expôs neste momento de sua vida.