quarta-feira, 13 de junho de 2012

A FORÇA QUE VEM DOS VENTOS








Há momentos tão extremos na vida, que a expressão é quase impossível em palavras. Sempre me perguntei se somos "fortes" ao enfrentarmos certas situações, ou se somos simplesmente compelidos. Em outras palavras, não temos opção, exceto a de permanecer "fortes". Não há saída. Olhando o céu parcialmente nublado dessa quarta-feira, deixo minha mente viajar até um recanto imaginário, onde posso deitar a cabeça no colo de minha mãe, numa volta imaginária a um tempo de leveza e candura da infância. Nessas viagens, vejo minha mãe exatamente como hoje: uma mulher forte, exemplar, inteligente, sábia. A única pessoa sobre a face da Terra que me compreende e aceita plenamente, em todos os detalhes de uma personalidade complexa (não por opção), inquieta (por consequência) e desadaptada (por falta de sorte). A vida bate forte, exatamente nos compartimentos mais preciosos de nossa existência. Como a testar nossa capacidade de permanecer de pé, ou até mesmo vivos. Inutilmente, mas seguem esses testes, vida afora. Pois um pouco de nossa própria vida se esvai em cada grande dor, e a fonte seca aos poucos, inexoravelmente. Até que só nos reste a lembrança. Uma lembrança doce, com a maciez do colo de uma mãe e o perfume de dias perdidos, muito longe, num tempo da delicadeza.