sábado, 30 de março de 2013

DEIXE QUE O BEIJO CURE...




Hoje, resolvi acarinhar um pouco a minha mão. Sofrida, mas viva, latente, brigando pela reconstituição. Quatro dias após a cirurgia, em que um anjo chamado Bruno Montenegro reconstituiu um ligamento rompido durante uma queda, sigo em período de espera e paciência. Daí, lembrei, fatalmente, dessa linda música de Paulinho Moska. Faço minhas as palavras dele, hoje.


A Idade do Céu

Paulinho Moska



Não somos mais
Que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só
Na idade do céu...
Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu...

Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure

Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu...

Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu...
Não damos pé
Entre tanto tic tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu...

Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure

Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu...

segunda-feira, 25 de março de 2013

RECONSTITUINDO, MAIS QUE A MÃO.




Amanhã, vou a João Pessoa, refazer um pedacinho de mim, que está faltando. Um pequeno ligamento no polegar, rompido numa queda banal. Amanhã, por ironia do destino, completam-se exatamente trinta dias do acidente. No momento em que eu poderia estar voltando às atividades normais, inclusive aos pedais, vou iniciar tudo do zero, com um procedimento cirúrgico na mão direita, com todas as implicações envolvidas. Após a cirurgia, serão mais dois meses de recuperação, creio eu, ainda sem pedalar. Para um ciclista, isso não é apenas um afastamento de um esporte. Trata-se de uma provação, verdadeiramente. Especialmente para quem, como eu, não conseguia se imaginar longe das trilhas, dos amigos, da natureza e das magrelas, que adormecem hoje, num cantinho do meu prédio. 

Há um mês, venho numa espécie de limbo, compasso de espera, um período estranho. Já tive a fase de revolta, arrependimento, auto-punição, pena de mim mesmo... já pensei em nunca mais pedalar, vender as bicicletas... enfim, tudo o que um pós-acidentado passa. Já sofri muito pelo fato de o destino ter me obrigado a me socorrer sozinho, do momento da queda à entrada no hospital. Já me perguntei e já me respondi sobre falhas minhas e de outras pessoas, já moí e remoí esse assunto internamente. Mas agora, chega. Fica tudo no passado. Daqui a exatamente 24 horas, estarei, provavelmente, saindo do centro cirúrgico, com meu ligamento reconstruído. Um pedacinho de corpo, simbolizando a reconstituição de uma grande quebra de estrutura. 

Escrevo hoje EXCLUSIVAMENTE para quem tem profundidade para compreender o significado, pois sei que grande parte das pessoas encara tudo isso como um melodrama pequeno, um exagero. Não é para estas pessoas que escrevo hoje. 

Pois, como já comentei antes, não nasci para a superficialidade. Não consigo ser "mais ou menos". Talvez, esse seja o meu maior sofrimento, durante os anos que habitar este planeta. 

A exigência cotidiana é para que se pratique o "mais ou menos". Não se mostre muito em público... não se exponha muito... não se aproxime muito das pessoas... não espere nada de ninguém... não cobre carinho ou atenção de ninguém... são tantos "nãos", para quem tem uma sede tão intensa de "sim". Para quem quis, desde sempre, apenas ser aceito, em suas diferenças. Para quem quis, desde sempre, exercer a profundidade do sentimento, como parte de uma profundidade de alma, que não desejei ter. Apenas recebi, mais como fardo do que como presente do cosmos.

Hei de viver até o último dia de minha vida exercendo a profundidade dos sentimentos. A vida tem me ensinado a me afastar sutilmente dos que não compreendem ou não são recíprocos. Muito contra minha vontade, continuo convivendo "socialmente" com muitas pessoas, satisfazendo uma fagulha intensa que clama pela socialização, como parte das teias complexas, exigidas pelo gene egoísta que nos habita.

Reconstituindo minha mão, espero poder reconstituir aspectos importantes de minha vida, por enquanto em compasso de espera. Não tem sido nada fácil, mas a presença de minha família linda e de alguns amigos (eles se sabem!) tem sido fundamental. Não pretendo citar nomes, até porque o sentimento é maior do que qualquer limite gramatical.

sábado, 23 de março de 2013

QUATRO MESES SEM O CICLISMO.




Não sou místico, mas, desde o início de 2013, senti que meu ano seria meio problemático. Talvez por ter captado maus sinais, desde o início, especialmente turbulências envolvendo amigos próximos. Coisas que eles talvez nem tenham percebido ou valorizado. Coisas de uma cabeça que, infelizmente, pensa e detecta excessivamente pequenas variações de comportamento e humor. Coisas de um eterno desadaptado, bem sei eu.

Isso tudo introduz o motivo de minha postagem de hoje.

Há cerca de cinco anos, venho praticando regularmente o ciclismo. Especialmente a modalidade mountain bike, que me permite um contato direto com a natureza.

Atingi um grau de tamanha dependência (benigna, eu creio) do esporte, que sempre me dizia ser uma das principais atividades de minha vida. Quando não estava trabalhando, estudando ou me dedicando à família, nada me trazia maior ou melhor prazer. Absolutamente nada.

Sempre me dizia que, se algo me tomasse a chance de praticar meus pedais, eu realmente não sei como conseguiria manter o meu frágil equilíbrio emocional.

Pois, eis que, num lampejo irônico e cruel do destino, há cerca de um mês, estou afastado do meu esporte. Após uma queda, seguida por lesão da mão direita, estou em recuperação, com a perspectiva de uma cirurgia para reconstrução do ligamento ulnar do polegar direito. O período de recuperação pós-operatória inclui aproximadamente DOIS MESES sem pedalar. 

O que significa, que, na melhor das hipóteses, se voltar após esse período, terei passado quase QUATRO MESES longe de minha bicicleta.

Não acredito na visão tradicional de um Deus que acompanha individualmente cada existência. Além de ser extremamente antropocêntrica, tal visão levaria à visão de um Deus  que, ao invés de cuidar da dinâmica de todo um cosmos, de toda uma estrutura que, acredito, ele organizou e conduz, ficaria me "castigando" ou "ensinando coisinhas", para melhorar meu caráter. Isso seria ridículo.

Acredito, sim, na lei do retorno. 

As piores coisas que nos acontecem podem retornar em benefícios. Não por esoterismo, mas por uma lei quase física. 

Concretizando o exemplo, ao chegarmos no fundo de um buraco, percebemos que não há mais como afundar. E daí, sobram duas certezas melhores: não mais cairemos, e podemos começar a subir.

É por aí. O ensinamento vêm da própria pancada, e não de fenômenos esotéricos, sobrenaturais ou divinos.

Percebi que posso, sim, viver sem pedalar, como o fiz durante quase toda a minha vida, embora tenha de haver uma readaptação.

Momentos difíceis, como este, realçam a presença dos verdadeiros amigos que, como uma transversal do tempo, cruzam nossa vida e nela permanecem, a despeito das vicissitudes que se nos apresentam.

E há, claro, nossa família. Intransitivamente. Talvez por um incrível artifício do gene egoísta, o núcleo familiar jamais nos abandona. Pelo contrário. Os laços se fortalecem ainda mais, em momentos de crise. Percebi isso, como nunca, nos últimos anos de minha vida.

Farei uma cirurgia na mão, próxima semana, para iniciar um longo período de recuperação, que me possibilitará, espero, voltar aos pedais.

Mas será que ainda desejarei, como antes, estar nesse universo?

Parafraseando Dolores Duran, será que ainda "terei toda a ternura que quero lhe dar"?

Pedindo desculpas pela prosopopeia, vou tentar dar essa ternura novamente à minha bike!

Mas, como as coisas mudam, a visão muda, as perspectivas de vida mudam, tudo muda, isso também funcionará sob uma nova perspectiva.

Não sei se será melhor ou pior, mas, com certeza, diferente.

Abrir-se-ão portas de retorno para minha criação musical e literária? começo a crer que sim.

E meus grandes e reais amigos, e minha família? bom, essa é o princípio, o meio e o fim. 

Nada mudou e jamais mudará, exceto para melhor.


terça-feira, 19 de março de 2013

OS DEUSES DE MADEIRA PODRE



Desde que esse país foi invadido pelos portugueses (não sei porque insistem em dizer que foi "descoberto", vem sendo exaurido, sucateado, sugado em toda a sua riqueza natural. O povo que se formou foi um misto de "espertos" e pobres-coitados, crédulos, ingênuos, dominados. Os jesuítas, que vieram com a "nobre" missão de catequizar os "selvagens" nada mais fizeram do que uma gigantesca lavagem cerebral nos habitantes locais, principalmente em troca de presentes (começava o prática secular de propina) e de açoite (forma nem tanto disfarçada de tortura). Por trás da "imaculada" intenção da Igreja, estava, como sempre, o desejo pelo domínio, pela riqueza, pelo poder. Conseguiram exatamente o que queriam. A maior nação católica do mundo é composta, em sua maioria, por seres passivos, que gastam suas preciosas horas a olhar para as nuvens, como se existisse um Deus que acionasse botões controladores de nuvens, atendendo aos seus pedidos e orações. Enquanto isso, os podres e imundos políticos (em sua maioria) continuam administrando essa ignorância, ganhando dinheiro com desvio de verbas públicas, interferindo (por roubo e descaso) numa obra como a transposição do rio São Francisco (que resolve em parte o problema cíclico da seca) e, ainda por cima, vão beijar as mãos e os pés do Papa, que perpetua essa visão medieval de que Deus controla tudo. Se há fome, pobreza, desgraça, seca, desnutrição, doenças e sofrimento, "é porque Deus quer, meus irmãos"! não reclamem, "os sofredores vão ganhar o paraíso". Os políticos e ricos empresários já o ganharam, navegando em seus impecáveis iates, habitando suas irretocáveis mansões, mamando nas infinitas tetas da mãe-governo. Continuem olhando para o céu, sertanejos. Hoje é dia de São José. Nada cairá sobre suas cabeças, exceto os implacáveis raios solares e a certeza da continuidade dessa política torpe e suja, que fará de tudo para manter essa situação. Afinal, cada gota d'água que eles pingarem em suas bocas sedentas significa um voto a mais, uma possibilidade maior de se perpetuar no poder, e dele extrair cada vez mais dinheiro. A Igreja, passiva ou ativamente, está amalgamada nesse esquema cruel, que provoca uma morte crônica dos homens, da fé, dos animais, de tudo o que se possa considerar humano. Acordem, pobres sertanejos. Se houver uma força que criou e organiza o universo, que pode ser chamada de Deus ou outra palavra, ela não tem desejos, intenções ou preocupações humanas. Tirem os olhos do umbigo e joguem os olhos e as garras sobre os políticos, gestores do nosso dinheiro. Eles sim, são os "deuses de madeira podre" que deveriam já ter solucionado o problema da convivência com a seca, desde a invasão do Brasil, em 1500. Vergonha de ser brasileiro.

sábado, 16 de março de 2013

DITADURA MILITAR: ESCÓRIA DO BRASIL

Na famigerada ditadura militar que assolou o Brasil nos anos 70, era proibido falar, pensar, agir ou ter qualquer tipo de posicionamento que, mesmo por longe, ameaçasse a truculência dos tiranos generais que "conduziram" o país, contra a vontade da população, após um covarde e tirano golpe militar. Na contramão, a inteligência dos nossos artistas floresceu de forma brilhante, fazendo nascer músicas geniais, como Cartomante (Ivan Lins e Vitor Martins). Numa construção metafórica genial, os autores conseguem anunciar o que viria após alguns anos: a queda dos "reis", dos execráveis generais que foram responsáveis, dentre outras coisas, por crimes de tortura, morte, ocultação de cadáveres, sem falar nos desmandos administrativos que tiraram o país dos eixos. Hoje, temos, pelo menos, o direito inalienável de falar, criticar, expor, discutir, discordar e questionar diretamente as atitudes dos políticos, inclusive da presidente da República. Todos eles são nossos EMPREGADOS. Nós somos os patrões, pagamos seus salários e devemos EXIGIR que eles façam um bom trabalho. A maioria do povo ainda enxerga os políticos como semideuses, mas isso é fruto de uma lavagem cerebral cuidadosamente bem feita ao longo dos séculos. Mas tudo começa a mudar. Preste muita atenção a esta música. Quem canta? claro, tinha de ser Elis Regina. Ninguém exporia com tanta maestria, indignação, coragem, quase nojo, a situação da ditadura militar. Um momento raro. Aproveitem e agradeçam viver a plena democracia, ainda que contaminada com a podridão genética que contamina a maioria dos políticos.


http://www.youtube.com/watch?v=RmBtW3XFGWU

domingo, 10 de março de 2013

MÚSICA "MINHA VOZ", DO CD OUTROS TONS



Esta é uma das músicas do meu segundo CD autoral, chamado OUTROS TONS. A música se chama MINHA VOZ, e homenageia mais do que uma voz: fala sobre atitude, coragem, auto-superação, amor, bondade e outras intenções. Mais uma vez, conto com a presença luxuosa da cantora Kátia Virgínia T Cavalcanti e dos músicos Gabmar Cavalcanti, Harlann Justo Da Silva Vieira Santos, Beto Piller e Luciano Gusmão. Estou ao piano, e assino o arranjo, junto aos demais amigos músicos.

segunda-feira, 4 de março de 2013

SEMPRE SOUBE QUE VOCÊ VIRIA

Um pouco de minha música. 


Essa música se chama SEMPRE SOUBE QUE VOCÊ VIRIA, e é a primeira faixa do meu primeiro CD autoral, chamado SOBREAMIGOS. Quem interpreta é a perfeita Kátia Virgínia T Cavalcanti, uma das melhores cantoras deste país. Letra e música minhas. Estou ao piano. Gabmar Cavalcanti é o responsável pelo excepcional arranjo de cordas.