domingo, 18 de dezembro de 2011

PEDAL PARA O HOTEL FAZENDA PAI MATEUS, EM CABACEIRAS, PB.

PEDAL SAINDO DE CAMPINA GRANDE PARA O HOTEL FAZENDA DE PAI MATEUS, EM BOA VISTA, NO CARIRI PARAIBANO. A FAZENDA FICA ENTRE BOA VISTA E CABACEIRAS, ONDE A CAATINGA REVELA SUAS MÚLTIPLAS FACES. UMA VEGETAÇÃO SOFRIDA E RESISTENTE, ONDE HABITAM INCONTÁVEIS ANIMAIS, PREENCHE OS ESPAÇOS ENTRE PEDRAS E LAJEDOS GIGANTES. DURANTE O DIA, O SOL PROVOCA INACREDITÁVEIS EFEITOS LUMINOSOS E O SURGIMENTO DE CORES DIVERSIFICADAS. À NOITE, O CÉU ESTRELADO PARECE UMA PINTURA. NA FAZENDA, HÁ O LAJEDO DE PAI MATEUS. ELE FOI UM EREMITA QUE VIVEU NO SÉCULO XVII. HABITAVA O ALTO DE UM LAJEDO, SOB UMA ENORME PEDRA, QUE ERA SUA CASA. RESADOR FAMOSO, CURAVA OS MORADORES LOCAIS, COM ORAÇÕES E PREPARADOS À BASE DE PLANTAS. NUMA FAZENDA VIZINHA, PODE-SE CONHECER O ENORME LAJEDO DA FAZENDA SALAMBAIA. SÃO CERCA DE 5 KM DE UMA PEDRA ÚNICA, CERCADA PELA ENORMIDADE DA CAATINGA, UM BIOMA EXCLUSIVO DO NORDESTE BRASILEIRO. RECOMENDO A TODOS! TELEFONE DO HOTEL PAI MATEUS: (83) 3356 1250.


LINKS PARA AS FOTOS: 


https://plus.google.com/photos/110932995854016603487/albums/5687556684369518129?authkey=CO7B1cD8h93ltwE

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

EM BUSCA DO LUGAR-COMUM


Seja fácil. Seja pouco profundo, seja extrovertido sempre.
Seja comum. Seja banal. Seja pouco transparente.
Seja mais um na rua ou numa mesa de bar. 
Seja o bobo da corte, com o maior orgulho.
Seja leviano, seja simplório, seja contemporâneo.
Seja pouco visível, observe pouco, prescrute menos ainda.
Seja previsível, não chore em público, reclame menos ainda.
Seja o que não perturba, o que não discute, o que não desafia.
Seja o pequeno, aceite a derrota, jamais questione.
Seja companheiro, se designado para tal.
Seja presente, exceto se só você precisar.
Seja intransigente, exclusivamente consigo próprio.
Seja crítico, exclusivamente quanto às suas palavras e atitudes.
Seja mudo, quando muitos outros falam.
Seja tagarela, se for do interesse comum.
Seja um eterno doar-se, sem cobrar retorno.
Seja perfeito. Não menos do que perfeito.


Talvez, assim, você encontre um lugar de aconchego no seio da sociedade.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"NUM TEMPO DA DELICADEZA"



Num tempo em que vivemos sob tantas pressões, violência, assaltos, agressões, um pouco da doçura de uma das mais perfeitas músicas de Chico Buarque, em parceria com Cristóvão Bastos. 

Aproveitem o dia!!



Todo o Sentimento

Chico Buarque

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O PODER DAS PALAVRAS

Eu e Daniel, na Europa. A amizade nasce das palavras, e delas depende para sobreviver.

Desde que desenvolveu a incrível capacidade da linguagem verbal, o homem vem enfrentando uma das mais complexas crises de sua breve existência nesse planeta: lidar com o poder da palavra.

São da mãe as primeiras palavras que ouvimos. Cheias de carinhos, de afago, de uma ternura provavelmente sem precedentes no universo. Crescemos, em nossa vida intrauterina apertada, recebendo torrentes de vibrações sonoras, ainda sem sentido, mas repletas de suavidade, vindas de um ser que não apenas nos concebeu, mas nos tem em suas entranhas, como parte e consanguinidade. 

A partir do nascimento, as palavras começam a revelar seus lados mais obscuros, menos sutis, menos sublimes. As primeiras negativas, as primeiras broncas, as primeiras mentiras, as primeiras frustrações, traduzidas em palavras ou pela ausência delas.

Palavras vão se tornando algozes e armas poderosas, na maioria das vezes. São as palavras que nos falam sobre a morte de nossos entes queridos. São elas que nos revelam a brutalidade dos homens, que se matam e se destroem por dinheiro e poder. São palavras que condenaram profetas, homens ditos santos, loucos, criminosos, inocentes, prostitutas e doentes. São as palavras que separam, compartimentalizam, excluem.

São as palavras que ferem, muito mais fundo do que quaisquer agressões físicas. São elas que se nos infiltram as entranhas, como alienígenas, e jamais se retiram de nossas memórias.

Paradoxalmente, as palavras podem se ocultar em sua antimatéria, o silêncio, tornando a agressão ainda mais violenta. Nada pode ser mais violento do que um silêncio imposto ou exposto, principalmente quando uma única palavra seria salvadora, primorosa, única.

O poder destrutivo das palavras sobre os relacionamentos humanos é um fato amplamente conhecido, debatido, digerido. Talvez pouco se fale sobre o silêncio que nos pode ser imposto, por pessoas que praticam a extrema crueldade de nos negar sua palavra, ou, pior ainda, a possibilidade de que digamos nossas palavras.

Algumas das minhas maiores dores provieram dos extremos relacionados à palavra: ou de seu teor, ou do silêncio imposto. Quando eu quis falar, quando eu precisei falar, e não pude. Quando eu quis gritar, precisei gritar, e não me foi dada a chance. Quando eu precisei explicar, pedir perdão talvez, e não me foi ofertada a prenda da oportunidade.Quando eu precisei, como quem precisa de um derradeiro bolsão de ar para respirar, de uma única palavra de perdão. E não recebi.

Depois da destruição cataclísmica provocada pela palavra, ou por sua antimatéria, o silêncio forçado, a perplexidade toma conta de tudo e de todos. Claro. Não se observa o poder da palavra. Não se tem o hábito de pensar sobre o que é invisível aos olhos ou inacessível ao óbvio.

Não se pode construir um diálogo com quem é dono da verdade, com quem agride em resposta à discordância. Não se pode conversar seriamente com quem repele as diferenças. Não se podem mostrar novos horizontes a quem se vê como centro do universo. Essas são as grandes limitações para se lidar com os dramas da palavra.

Pobre de quem é limitado em sua palavras. Pobre de quem se vê como centro do universo e detentor da verdade. Pobre de quem afasta a quem mais ama, pelo poder destrutivo da palavra, e, mais ainda, do silêncio.

Pobres de nós, coitados, torpes humanos. Caídos numa corda bamba, sem ensinamento algum, sem perspectivas, correndo desesperadamente rumo ao nada, buscando um equilíbrio tênue, que parece começar e acabar todos os dias. Como se os dias fossem sempre big bang e cataclisma, numa mesma estranha mesa.

Dificilmente minha autocrítica me permite algum tipo de exposição de virtudes pessoais, mas vou abrir uma exceção.

Sei, e gosto de ouvir. Respeito a palavra do outro. Procuro entender a palavra do outro. Quando não entendo, respeito. Quando não concordo, respeito mais ainda.

Sei, como poucas pessoas, pedir perdão. Do fundo do coração, com todo o significado que a palavras traz. 

Entretanto, os conflitos com as palavras facilmente me ferem a fundo, no centro do coração.

Como acredito nas relações humanas, sempre "me deixo cortar e volto por inteiro", como diria Cecília Meireles. Já as relações, cortadas pela dureza das palavras, têm de ser reconstruídas, replantadas, pois as árvores arrancadas jamais nascem no mesmo local ou crescem com a mesma tenacidade e vigor. Infelizmente.

Caro leitor: muito cuidado com sua palavras. 

Leia mais, a leitura ensina a domar a fera que nos habita.

Aprenda sobre inteligência emocional, meu querido leitor. Ela é a base da construção de uma personalidade realmente espiritualizada.

Aprenda com os animais e com as plantas: você não é o centro do universo. Muito menos, da verdade. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

SONHO DE PEDRO - POEMA


Pedro anda cansado. Cansado da vida, cansado da lida, cansado dos lírios, da lírica, do bélico, do belo e das belas. Pedro anda cabisbaixo, ensimesmado, constrito, introjetado. Pedro anda lívido, perplexo, domado, insano. Canta e ri pouco, lê ainda menos, cresce quase nada. Fixa mal, não dorme, beber não mais, viajar, nunca. Pedro trava uma luta que começa sempre ao cantar do galo e termina ao canto do beija-flor que pousa em sua janela. Sabe-se sempre perdedor, embora, inexplicavelmente, sinta-se impulsionado a guerrear contra um invisível que habita suas entranhas, confunde-se com sua própria existência. Pedro quer se entregar ao desdém, ao limbo, aos contos e às contas. Pedro já não pretende arquitetar, planejar ou extrapolar. Quer simplesmente deitar e descansar, como fosse o único ato humanamente plausível. Pedro não quer ver nada, ninguém. Pedro não gosta mais, não gasta mais, não grita mais. Pedro já se viu discípulo, professor, pedreiro, médico e operário. Já se soube cínico, sarcástico, hipócrita, parasita, tirano e marginal. Já se encontrou nos píncaros da euforia, dela bruscamente mergulhando no vazio ou na obscuridade das lamas mais pútridas de sua alma. Pedro é, hoje, um espectro de si próprio. Nem mais sabe das cores de seus sonhos, se é que eles já existiram. Pedro sequer deseja a morte, pois ela também lhe parece um fardo. Nada mais há em Pedro. Nada mais se espere dele.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O PODER DO PERDÃO

Eu e Bernardo, na Europa.


Retornando de uma recente viagem à Europa, sobre a qual comentarei depois, eu vinha conversando com meu amigo-irmão Bernardo sobre a importância do perdão na vida das pessoas.

Impressionante como pronunciar uma palavra tão curta pode ser tão difícil para algumas pessoas. 

O fato é que tendemos a magoar exatamente as pessoas a quem mais amamos. Não é um paradoxo. Por amarmos essas pessoas, conhecemo-las mais a fundo, sabemos de suas fraquezas, percebemos suas inseguranças. Muitas vezes, elas também nos sabem assim, e o resultado pode ser o surgimento de pequenas e transitórias tempestades temperamentais, que culminam em palavras ou gestos agressivos, de difícil digestão.

É nesses momentos que a força do perdão se expõe, de forma mais marcante. Pedir perdão não significa apenas estar arrependido.

Simbolicamente, o perdão traz, implicitamente, o ato de se assumir frágil, falível, imperfeito. Traz a humildade, a certeza de se saber humanamente incompleto. O ato de pedir perdão traz, em seu bojo, boa parte do perfil psicológico de uma pessoa. 

Os que não sabem (ou não querem) pedir perdão podem, temporariamente, julgarem-se acima do bem e do mal, superiores, seguros em sua pseudo-onisciência. 

Teoricamente, apenas os que nunca erram, nunca magoam ou nunca são injustos jamais precisam pedir perdão. Mas aí, eu lhe pergunto, meu amigo leitor: existe tal ser humano sobre a face desse planeta? existe a perfeição? existe quem nunca tenha tido de pedir perdão?

O ato de pedir perdão aproxima. Porque expõe a nossa alma, a nossa fragilidade. Oferece ao que foi magoado a chance de compreender profundamente as causas do destempero temporário. 

Pedir perdão é o principal ato de manutenção e azeitamento das relações humanas.

Só se pede perdão a quem se ama verdadeiramente. Falo de um amor universal, sobre o qual poucos compreendem. Falo de amor anos-luz acima da conotação sexual, das representações tradicionais. Falo de um amor entre pessoas, simplesmente.

As pessoas que nos magoam deveriam sempre pedir perdão. Pois, não o fazendo, assumem que estavam sempre certas. Posicionam-se superiormente, numa arrogante postura de pseudo-segurança. Afastam-se de nós, afinal.

Amizades e relacionamentos em geral podem ser abalados (ou destruídos) pela ausência do ato de pedir perdão. Não pela formalidade do ato, em si, mas pelo que tal arrogância expõe, acerca de quem não se aceita falível, humanamente incompleto.

Hoje, vejo que há profundas e, talvez, intransponíveis barreiras entre eu e a maioria das pessoas. Não porque eu seja melhor do que elas... muito pelo contrário!! trago uma sina de aprofundar os sentimentos, de ter uma sensibilidade muito exposta, de me ferir facilmente. Uma mistura de genética com fatos da vida, que foram criando pequenas cicatrizes na pele-espírito, ao longo dos anos.

Nunca consegui compreender totalmente as pessoas... menos ainda, fazer-me compreender por elas. Já desisti dessa empreitada! 

Por isso tudo, caro leitor, tenho o pedido do perdão sempre pronto, na ponta da língua. Um pedido sincero e humano, não formal.


Porque tento compreender essas diferenças. Porque sei que, muitas vezes, posso ferir exatamente aos que mais amo. Porque me sei frágil, incompleto, imperfeito.

Peço perdão, para que não se forme uma ideia falsa de arrogância, de que sou dono da verdade, o que pode afastar as pessoas e comprometer as relações.

Não durma sem pedir ou sem dar seu perdão. Não é um conceito religioso (mas bem poderia ser). Trata-se de uma forma real, concreta, honesta e funcional de manter as relações humanas. 


Simplesmente.




sexta-feira, 23 de setembro de 2011

RETRATOS DE PAZ

Hoje fiz um pedal sozinho (tentei arrumar parceiros, juro!!).
Fazendo um trecho já conhecido, iniciando pelo Cardoso e seguindo até a Maria da Luz, incluindo o "açude escondido", resolvi tirar "fotografias da paz". Explico: para mim, nada me proporciona maior sensação de paz e de harmonia com o planeta do que visualizar a natureza, de preferência sobre minha bicicleta.
Fiz questão de compartilhar com vocês.
Acredito que, no dia-a-dia corrido das trilhas, quase nunca temos tempo ou disposição para curtir verdadeiramente os detalhes da paisagem. Muito menos, de fotografá-los. Sempre que paro para fotografar alguma coisa, sempre tem alguém para dizer "bora, Fábio!!! chega de fotografia!!! já temos fotos demais!!".
Hoje, o clima era outro. Fui para curtir com calma.
Aproveito para lembrar que a visualização dos detalhes da paisagem é a higiene mental necessária e complementar à atividade física exercida durante o ciclismo. Não devemos negligenciar a higiene mental que a natureza nos proporciona, sem cobrar nada por isso.
Ótimo final de semana!
Fábio.



FOTOS E FATOS


Em alguns trechos, a trilha se confunde com um córrego. Ou seria o próprio córrego, a trilha? navega-se simbolicamente pela água que corre suavemente pelo percurso de um ciclista?


Cristo Redentor... não o carioca, mas o da Maria da Luz, fazenda na região rural de Campina Grande. A religiosidade brasileira, expressa nos mais típicos símbolos do catolicismo. A busca eterna pela religião, como forma de "religar-se" à essência do ser humano. Haveria uma religião cujos ícones de adoração fossem os elementos da mãe-matureza???







No meu imaginário, penso numa bandeira brasileira desenhada assim. As cores estão quase todas (faltou só um pouco de azul, mas bem pode ser dispensado). Os elementos simbolizam a riqueza máxima de nossa terra: a exuberância da natureza.



Sei que é surreal, mas considero esse objeto como uma amiga, uma grande amiga, uma parceira, responsável por me proporcionar alguns dos melhores momentos de minha existência, nos últimos anos. Sei que parece surreal mantê-la limpa, tratá-la quase como se fosse animada... mas excesso de realismo serve para quê??




Em momentos como esse, consigo fazer tamanha introjeção, que chega a reformular conceitos, subjetividades. Na impossibilidade de uma terapia (por questões de ordem prática, não por falta de desejo), faço da natureza a minha grande psicoterapeuta. Faço de mim mesmo o amigo (parafraseando o compositor Taiguara). Faço de minha bicicleta a ponte para um lugar mágico, para o qual não há descrição verbal possível.



Minha amiga. Minha companheira. Poucos entendem o sentido, lamentavelmente... 



Ipê roxo florido. Marca registrada do início da primavera em nossa região serrana. Presente para os olhos e para os corações.


Esse tronco parece estar em chamas, graças a uma combinação de cores, sobras e luzes. Mais um detalhe que fugiria facilmente aos olhos, não fosse um dia selecionado para a observação do micro.


No final do pedal, já com a noite invadindo o dia com seu manto escuro, lembrei de que estava sem farol. Para quem me conhece bem, um fato normal, cotidiano... para mim, mais um desafio: completar o pedal quase no escuro. Tateando o terreno, como quem acaricia o ser amado. Fim de um dia banal, e, paradoxalmente, inesquecível.

sábado, 10 de setembro de 2011

MAIS UM MOMENTO DE BRUTALIDADE DA VIDA


Essa foto inacreditável foi feita na Camboja, recentemente. Essa criança, de um ano e oito meses de idade, aprendeu a mamar diretamente do peito da vaca, observando os ensinamentos do seu "irmão", um bezerro gordo e saudável. A mãe adotiva olha para sua nova cria, com uma expressão quase carinhosa. Como retribuição, a criança abraça a perna da vaca, que poderia, facilmente, matá-la com um simples e rápido golpe de cabeça.


Os pais biológicos estão desempregados, não têm como sustentar a própria existência, muito menos a dos filhos. 


Impressionante como a vida é bruta. Não existe um só sinal de condolência, no frio passar dos anos e do tempo. Tudo segue, inexoravelmente, como se nada fosse realmente importante ou digno de um destaque especial.


Nesse contexto, vivemos, na melhor das hipóteses, sete ou oito décadas de peleja, batalhando pela sobrevivência. Uns mais, outros menos, mas todos se expõem diariamente à barbárie da vida. À sua brutalidade. À sua injustiça.


No fluir do dia, raramente temos tempo sequer para observar tantos casos semelhantes, inclusive nos sinais de trânsito da cidade. São pessoas que vivem na marginalidade, comendo restos de lixo, matando por um celular (que valerá, talvez, o preço de uma pequena pedra de crack), morrendo por doenças típicas da fome e da miséria (como desnutrição, diarreia e cólera) e vendendo o único bem realmente precioso que temos (o nosso corpo).


A cena do bebê mamando na vaca poderia ser engraçada, se não fosse resultante do martírio da fome, a maior tragédia biológica que um ser pode enfrentar. Além da fome alimentar, a foto desnuda uma fome de carinho, de sentidos, de significados. Que tipo de organização social é essa, em que uma vaca tem de assumir a maternidade de uma criança, no sentido de amamentá-la? uma organização em que os políticos roubam descaradamente, em que se usa a religião para drenar centenas de milhões de dólares aos cofres dos pastores, em que se usa a ingenuidade dos mais pobres e humildes para construir simbólica e literalmente suas sepulturas?


Como sei que não há limites para a tragédia humana, penso que outras cenas semelhantes (ou piores) poderão aparecer nos nossos mundos real e virtual. Quem sabe crianças comendo ratos, ou experimentando restos de animais mortos. A ingestão de pequenos roedores e de plantas atípicas (como cactos e palmas) sempre foi uma realidade no nordeste do Brasil, por exemplo. A crueldade dos políticos sempre foi infinitamente pior do que os meses de seca na região, que poderiam facilmente ser enfrentados, especialmente quando nos lembramos de Israel ou do estado norte-americano da Califórnia (infinitamente mais castigados pela seca, mas com projetos políticos decentes, que transformaram essas regiões em potências sociais e econômicas).


Acordem, políticos corruptos desgraçados!!


Acorde, querido leitor.


Não pergunte por quem os sinos dobram... eles dobram por você. Por nós.


Pela criança, e pela vaca.


Até mesmo pelos políticos.


Pois todos serão pó de estrelas, exatamente como no início de tudo.


O que estamos fazendo de concreto, para deixarmos um mínimo traço de decência, justiça e desenvolvimento sobre esse planeta? o que temos feito é o bastante? 


Olhem a foto e decidam.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PEDALANDO RUMO À PEDRA DA BOCA

O nome é sugestivo, engraçado, lúdico, mas faz jus ao que encontramos. A Pedra da Boca fica localizada no município de Araruna, quase na divisa entre os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Esta postagem de hoje descreve e ilustra mais um dia especial (ontem, feriado, sete de sembro de 2011), sobre as bicicletas, junto aos amigos. Como sempre, acompanham reflexões e comentários. Boa leitura!

Antes das sete da manhã, a equipe de mountain bike "Doido é doido" se encontrou na praça Jackson, para o início de mais um pedal especial. Como corações de mãe mecânicos, os três carros escolhidos para o pedal de hoje acolheram a todos os ciclistas e bicicletas. O sentimento maior da amizade torna tudo sempre especial e minimiza qualquer possível desconforto, até mesmo quando se juntam cinco adultos num Ford Ka!!

A viagem até Solânea, no brejo paraibano, tem cerca de 65 Km e durou uma hora. Lá, encontramos nosso amigo (e ícone do ciclismo de Solânea), Agnaldo, anfitrião e guia dessa jornada. Para começar, um delicioso café da manhã no hotel de Agnaldo, regado a frutas, queijos, ovo, pão, bolo e, claro, um revigorante café, como mostram as fotos abaixo. 


LEO, LUCIANO E AURIMAR


CHARLES, MÁRCIO, PEDRO E GILENO.

GILBERTO E ALEXANDRE

Finalmente, hora de começar o pedal. Foto oficial do grupo e início da aventura, ainda em Solânea.


 TODOS REUNIDOS NO INÍCIO DO PEDAL

INÍCIO DO PEDAL, EM SOLÂNEA


Já no começo, ainda em Solânea, um imprevisto: o pedal da bike de Gilberto quebrou!! o que poderia ser o fim precoce do pedal para nosso amigo carioca foi solucionado, por um golpe de sorte e boa vontade: um dos amigos ciclistas que nos acompanhava era dono de uma loja em Solânea, e disse ter um pedal egg beater novo, estando disposto a pegá-lo imediatamente! nosso presidente (e mecânico pau-pra-toda-obra) Gileno se encarregou da troca. A foto abaixo documenta o momento!

GILENO, ROBERTINHO (DE SOLÂNEA), GILBERTO E CHARLES

Feito o conserto, iniciamos o pedal. Um estradão tranquilo, predominantemente em descidas suaves. Em alguns momentos, entretanto, há subidas (não muito íngremes) e descidas grandes e técnicas. No percurso, diversas paradas para fotos, para aproveitar a paisagem sensacional, como se vê abaixo.

 GILENO, PEDRO, GILBERTO, FÁBIO E LEO.

 CHARLES

 FÁBIO

 GALERA REUNIDA PARA FOTO

 GILENO

 PEDRO

 AURIMAR

 PEDRO

MOMENTO MÁGICO DA TRILHA

Em alguns momentos, o sol apertou um pouco. Hora de fazer as indispensáveis paradas, para comprar água e descansar um pouco à sombra. Parávamos nas cidades, pelo caminho, como é o caso de Belém e Tacima, cidades pequenas e muito tranquilas, como observa-se abaixo.


 LEO E FÁBIO

 CHARLES

FÁBIO

Após quase 54 km de pedal, já era mais de uma hora da tarde quando chegamos ao Parque Estadual da Pedra da Boca. Os primeiros contatos com a pedra, à distância, já eram indicativos de que o melhor ainda estava por vir!


 GILENO

 AURIMAR

 FÁBIO

 LEO

 PEDRO

 CHARLES

 GILBERTO

 AURIMAR

 CHARLES

 GILENO E CHARLES

 GILENO

 PEDRO

 FÁBIO


 AURIMAR, GILENO, FÁBIO, CHARLES E PEDRO






Entrando no Parque Estadual da Pedra da Boca. A inevitável foto, junto à placa!

 CHARLES
 GILENO

A belíssima Pedra da Boca, à distância.




Chegando à pousada de seu Tico, uma espécie de guardião da Pedra da Boca, uma parada para descanso, hidratação e um revigorante banho de chuveiro, para trocar de roupa e colocar um calçado adequado para a subida na pedra.


 CHARLES E FÁBIO


 GILENO E PEDRO

 GILBERTO E GILENO

FÁBIO E LEO

Foto oficial do pedal, com a Pedra da Boca ao fundo. Da esquerda para a direita: Gilberto, Alexandre, Charles, Pedro, Gileno, Leo, Márcio, Aurimar, Fábio e Luciano.



Mudando pose e posição:Gilberto, Alexandre, Leo, Charles, Gileno, Pedro, Márcio, Aurimar, Luciano e Fábio.


Iniciando a caminhada curta que dá acesso à Pedra da Boca. Mata preservada, com aulas preciosas do nosso amigo "doutor dos matos", o biólogo Pedro.





As fantásticas vistas, subindo a Pedra da Boca.



















Num último lampejo de esforço, conseguimos escalar até o interior da Pedra da Boca! experiência única, fantástica. Parece um outro planeta. Uma espécie de caverna, com características lunares, eu diria. Os "lábios" da boca se abrem para a divisa entre Paraíba e Rio Grande do Norte, feita oficialmente por um rio (visível ao fundo).





















Hora de descer... cuidado redobrado!



Pedra da Caveira, ao fundo. Gileno presidente!

Bikes prontas para retornar a Solânea. No caminho, parada para almoço numa deliciosa churrascaria. Já em solânea, bikes nos carros e volta para Campina, onde chegamos já quase às oito da noite. Mais um dia lindo, inesquecível, para compor o colar de pérolas da história de cada um de nós.