quarta-feira, 8 de outubro de 2014

FAUSTO PARAIBANO, de Adhemar Dantas. Um comentário.


O espetáculo FAUSTO PARAIBANO (de Adhemar Dantas) foi recentemente apresentado no Teatro Municipal, pelo Grupo de Teatro Heureca. Houve grande curiosidade por parte da plateia acerca do "Fausto Original", que inspirou o saudoso médico e teatrólogo. O trabalho que o inspirou foi "Fausto", do escritor alemão Wolfgang von Goethe. Este, por sua vez, se inspirou numa lenda alemã, antiga e consolidada na mente dos antigos. Em Goethe, o trabalho foi dividido em dois volumes, mas o primeiro foi o de maior sucesso. O Fausto de Goethe narra a saga de um médico muito inteligente, que, por se ver diante de limitações importantes na busca por respostas para todos os fenômenos da vida, resolve fazer um pacto com Mefistófeles (o demônio). Caso Mefistófeles o ajudasse a ter poderes ilimitados, possibilitando um irrestrito conhecimento sobre a vida, dr. Fausto se comprometeria a lhe doar a alma em troca. Um detalhe: o pacto só seria firmado no instante em que dr. Fausto estivesse diante de uma situação de tal felicidade extrema, que não pudesse imaginar uma outra maior. A partir do "Fausto" original, o teatrólogo Adhemar Dantas criou uma obra regional, mantendo a essência do texto. O "Fausto Paraibano" é um homem comum, embora muito curioso, tentando compreender os "mistérios" envolvidos na eterna crise social, política e econômico do nordeste brasileiro. Em meio a discussões sociais, políticas, religiosas e culturais. Adhemar Dantas regionaliza o "Fausto alemão", mostrando que, em essência, o homem é sempre o mesmo, não importa em qual pedaço de terra foi gerado ou parido. A busca pelo inexplicável, a angústia pelo saber e a perplexidade norteiam a vida dos seres pensantes, sejam nascidos na riquíssima Alemanha ou no paupérrimo interior nordestino. Detalhe: em ambas as obras, o pobre Fausto tenta, ao final, livrar-se da sina de cumprir o diabólico pacto, mas termina sendo conduzido literalmente "às profundezas do inferno". FAUSTO PARAIBANO mostra um texto consistente, universal em sua regionalidade, cheio de referências culturais e literárias, numa linguagem simples, para ser realmente compreendida. Cumprimento renovado para o Grupo de Teatro Heureca, por trazer de volta um texto tão genial. 

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