sexta-feira, 23 de setembro de 2011

RETRATOS DE PAZ

Hoje fiz um pedal sozinho (tentei arrumar parceiros, juro!!).
Fazendo um trecho já conhecido, iniciando pelo Cardoso e seguindo até a Maria da Luz, incluindo o "açude escondido", resolvi tirar "fotografias da paz". Explico: para mim, nada me proporciona maior sensação de paz e de harmonia com o planeta do que visualizar a natureza, de preferência sobre minha bicicleta.
Fiz questão de compartilhar com vocês.
Acredito que, no dia-a-dia corrido das trilhas, quase nunca temos tempo ou disposição para curtir verdadeiramente os detalhes da paisagem. Muito menos, de fotografá-los. Sempre que paro para fotografar alguma coisa, sempre tem alguém para dizer "bora, Fábio!!! chega de fotografia!!! já temos fotos demais!!".
Hoje, o clima era outro. Fui para curtir com calma.
Aproveito para lembrar que a visualização dos detalhes da paisagem é a higiene mental necessária e complementar à atividade física exercida durante o ciclismo. Não devemos negligenciar a higiene mental que a natureza nos proporciona, sem cobrar nada por isso.
Ótimo final de semana!
Fábio.



FOTOS E FATOS


Em alguns trechos, a trilha se confunde com um córrego. Ou seria o próprio córrego, a trilha? navega-se simbolicamente pela água que corre suavemente pelo percurso de um ciclista?


Cristo Redentor... não o carioca, mas o da Maria da Luz, fazenda na região rural de Campina Grande. A religiosidade brasileira, expressa nos mais típicos símbolos do catolicismo. A busca eterna pela religião, como forma de "religar-se" à essência do ser humano. Haveria uma religião cujos ícones de adoração fossem os elementos da mãe-matureza???







No meu imaginário, penso numa bandeira brasileira desenhada assim. As cores estão quase todas (faltou só um pouco de azul, mas bem pode ser dispensado). Os elementos simbolizam a riqueza máxima de nossa terra: a exuberância da natureza.



Sei que é surreal, mas considero esse objeto como uma amiga, uma grande amiga, uma parceira, responsável por me proporcionar alguns dos melhores momentos de minha existência, nos últimos anos. Sei que parece surreal mantê-la limpa, tratá-la quase como se fosse animada... mas excesso de realismo serve para quê??




Em momentos como esse, consigo fazer tamanha introjeção, que chega a reformular conceitos, subjetividades. Na impossibilidade de uma terapia (por questões de ordem prática, não por falta de desejo), faço da natureza a minha grande psicoterapeuta. Faço de mim mesmo o amigo (parafraseando o compositor Taiguara). Faço de minha bicicleta a ponte para um lugar mágico, para o qual não há descrição verbal possível.



Minha amiga. Minha companheira. Poucos entendem o sentido, lamentavelmente... 



Ipê roxo florido. Marca registrada do início da primavera em nossa região serrana. Presente para os olhos e para os corações.


Esse tronco parece estar em chamas, graças a uma combinação de cores, sobras e luzes. Mais um detalhe que fugiria facilmente aos olhos, não fosse um dia selecionado para a observação do micro.


No final do pedal, já com a noite invadindo o dia com seu manto escuro, lembrei de que estava sem farol. Para quem me conhece bem, um fato normal, cotidiano... para mim, mais um desafio: completar o pedal quase no escuro. Tateando o terreno, como quem acaricia o ser amado. Fim de um dia banal, e, paradoxalmente, inesquecível.

12 comentários:

emerson Uray disse...

Lindo, simplesmente lindoooo!!!!

Unknown disse...

Obrigado, amigo!

Anônimo disse...

So senti falta do azul na foto candidata a bandeira, minha cor predileta. Mas, de uma forma geral, as fotos estao belas.

Anônimo disse...

SQ

Márcia disse...

Fábio, como sempre as fotos são maravilhosas, e desta vez eu senti uma pontinha de inveja, pois você sabe o quanto eu gosto de trilhar, normalmente sem bike, devido problemas "técnicos", além de ter passado a ultima semana trabalhando em média 14 horas por dia (justificada a inveja?. Mas você deve sempre aproveitar o máximo.

Unknown disse...

kkkkkkkkkkkkkk!! pois é, Saulo, fiquei devendo o azul!! Obrigadão, vindo de você, esse elogio tem peso, pois você sempre tira excelentes fotos! Valeu, Márcia! inveja justificada!! mas sei que é temporário. Logo logo, você volta ao mato!! beijo.

Anônimo disse...

As fotos são de uma beleza desconcertante! Só uma pessoa com a sua aguçada sensiblidade para fazer essa trilha sem pressa, observando minusciosamente o espatáculo dessas paisagens, que mais parecem um cenário cenográfico! Em que pese a minha impossibilidade de seguir o seu salutar exemplo da prática do cliclismo, compreendo sim, a sua ligação com a bike e o divisor de águas que ela representa em sua vida! Precisamos desse momentos a sós para compreendermos melhor a nós mesmos, as pessoas que nos cercam e os meandros da existêcia!

Bjos,

Sandra Medeiros

Unknown disse...

Obrigadão, Zandy!! lindas palavras, como sempre. Beijo grande!!

Harlann disse...

Fala, meu amigo. Tá virando fotográfo profissional agora? Belas fotos. Um abraço.

Unknown disse...

Adoro fotografia, meu amigo Harlann!! outra paixão, das muitas que tenho... abraço, mano!!

Clarissa disse...

Caramba, tio, chorei vendo isso, sério! a gente vai vivendo sem perceber o que tem ao redor. Vivendo preocupados, mais com os nossos egoístas desejos que com o universal. Muito lindas as imagens, vc está se superando, como fotógrafo (ou será pintor), desta vez. A foto do ipê roxo me fez lembrar um Monet, que vovó mostrava pra gente, quando estava colecionando aqueles livros de pintores famosos. Poucos entendem o que vc sente no pedal pq eu acho que a dimensão só é perceptível estando lá. Um dia ainda vou pedalar.

Unknown disse...

Brigado, Cacá! só seus olhos-poetas-profundos poderiam captar a essência dessas fotos, e do que significam. Beijo grande, você (e todos os meus bebês-eternos-sobrinhos) são o grande esteio de minha vida.