quinta-feira, 8 de julho de 2010

ACORDANDO BEM

Todos os dias agradeço aos criadores da internet, especialmente por amar música, e, hoje, poder ouvir as que eu quero! na rede mundial de computadores, você pode encontrar centenas de rádios online, catalogadas de acordo com sua preferência, sem comerciais, com som impecável! nada mal... durante minha adolescência, com meu gosto musical atípico, eu tinha de comprar discos e tentar captar o sinal de emissoras de FM no Recife (algumas eram especializadas em músicas de qualidade). 
Pois bem: hoje, como sempre faço, assim que acordei, vi o Bom Dia Brasil e fui trabalhar no computador, ao som de uma das emissoras de rádio que mais ouço (do grupo Globo, a emissora "Fama", que toca apenas standards da música internacional). E foi aí que eu vi que meu dia começaria muito bem: invadiu-me a alma a voz linda, doce, melancólica de Dinah Shore (foto abaixo) cantando My Funny Valentine. 
Impressionante como a voz dela é linda! fiquei pensando sobre o momento exato em que ela gravou a música, numa época tão diferente, onde o romantismo também era a tônica, inclusive na produção artística. Numa época onde o real talento era o que importava, pois os sofisticadíssimos programas de computação (que hoje me possibilitam ouvir as rádios online) corrigem imperfeições, inclusive notas desafinadas e acordes incorretos! em outras palavras, ou se cantava ou não... sem meio-termo. Logo depois (aí é covardia...), entra minha diva-maior, Ella Fitzgerald (foto abaixo), cantando My Romance.
Inevitavelmente, vem à minha mente a comparação com a versão de Carly Simon, que gravou a música anos após... em que pese a qualidade da voz de Carly, a diferença de personalidade vocal, nuances e dimensão rítmica é infinitamente favorável a Ella. Não poderia deixar de ser, em se tratando daquela que é considerada como uma das mais perfeitas vozes da história da música.
Sempre costumo dizer que nasci e vivo numa época e num país errados. Eu me vejo, nos sonhos utópicos, morando numa realidade imaginária, onde Ella e Dinah fariam concertos gratuitos em parques públicos, para multidões silenciosas e atentas, as quais se emocionariam com a expressão artística mais autêntica da voz. Vivo, utopicamente, numa ultra-realidade em que não há banalização do sexo, não há prostituição, uso do corpo como moeda de expressão "artística". Vivo num mundo em que não há o detestável forró eletrônico, a verbosidade das músicas sertanejas-românticas, o lixo explícito do funk carioca.
Após o breve sonho lindo, embalado pelas vozes dessas divas, é hora de "acordar", trocar de roupa e cair na vida. Essa é a real, fazer o quê?

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