quarta-feira, 7 de julho de 2010

REVENDO O PASSADO

Hoje (23/02/2008), fiz uma caminhada ecológica maior, pela primeira vez, sozinho. Estranho, para falar a verdade. Mas, ao mesmo tempo, a natureza oferece tanto, que inebria, e afasta os pensamentos tristes ou sombrios que me pudessem vir à mente. Além disto, os tantos amigos que sempre caminharam comigo vão estar sempre ao meu lado, de uma forma ou de outra, mesmo que em pensamento, em intenções, em boas lembranças. Parece que ouvia a voz de cada um, mostrando um detalhe, lembrando um fato, sorrindo, apontando árvores e paisagens diferentes.

É sempre incrível reler o que escrevemos no passado. Esse texto foi o primeiro que publiquei neste blog, há mais de dois anos. Eu estava passando por alguns dos piores dias da minha vida, após um terremoto emocional que se instalou, envolvendo o trincamento de alicerces complexos, especialmente relacionados ao que eu sempre entendi por amizade. 
Uma das coisas mais interessantes foi perceber que, mais uma vez, o contato com a natureza me salvou, me reestruturou, fez-me retomar minha caminhada, sem trocadilhos. Não foi por opção, mas, novamente, por um projeto catártico, que me levou a caminhar obstinadamente por trilhas já tão conhecidas, em que sorríamos, conversávamos, éramos como carne e unha.
Na foto abaixo, tirada exatamente nesta caminhada, percebo uma infinita tristeza no olhar, por trás de uma tentativa débil de manifesto de um sorriso, numa reação forçada. Talvez fosse já o começo da reação.
Eu precisava, de alguma forma, entender que havia coisas maiores do que a implosão dos valores emocionais, pela qual eu passava. E realmente entendi que a natureza é maior. Aliás, ela é maior do que tudo. Ela sempre esteve, está e estará, enquanto nós, coitados, estamos apenas de passagem. Nesse contexto, hoje eu não me preocupo muito com o que o ser humano está fazendo com a natureza, pois sei do seu caráter de autossustentabilidade, de autolimitação, de equilíbrio inexorável. Se o ser humano for um dia a fonte de um desequilíbrio insustentável, fatalmente será eliminado, de alguma forma.
Esse conceito de continuidade foi introjetado, ao caminhar sozinho. Não só eu, mas todos os amigos e ex-amigos, todos nós passaremos, de forma indelével, deixando algumas marcas para a humanidade, talvez mais, talvez menos importantes, mas nada que se compare à perenidade da natureza, do planeta, enquanto "organismo". 
Hoje, após dois anos de altos e baixos, tenho plena convicção de que as decepções continuarão acontecendo, assim como também sei que provocarei decepções em várias pessoas. É inerente à condição humana. A diferença está na forma como estou processando tais decepções. Este é o aprendizado que vem da natureza.

"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira."
(Cecília Meireles)

2 comentários:

Andréa Pequeno disse...

"[...]tenho plena convicção de que as decepções continuarão acontecendo, assim como também sei que provocarei decepções em várias pessoas. É inerente à condição humana. A diferença está na forma como estou processando tais decepções."


É justamente nesse ponto do autoconhecimento, quando aprendemos a lidar com as decepções que sofremos e as que causamos, que passamos a reconhecer o verdadeiro sentido da vida: a necessidade de AMAR, independente de qualquer circunstância, independente de qualquer perda, independente de tudo.
Grande Abraço

Unknown disse...

Sem dúvidas... embora eu entenda que a necessidade de amar provenha das complexas redes relacionadas à necessidade de perpetuação da espécie! sou um anti-romântico, por natureza...