terça-feira, 13 de julho de 2010

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

"Não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por você" 
(Ernest Hemmigway).






Uma bela e anacrônica frase de um dos maiores escritores da história. Traz um sentido profundo, difícil de perceber à primeira leitura. Como todas as frases geniais.
Se pudéssemos introjetar tudo o que essa frase encerra, nossa existência seria mais plácida, menos tempestuosa. 
Na busca de sabermos por quem os sinos dobram, ou, metaforicamente, quais são os grandes referenciais de nossa vida, sejam amigos, pais, outros familiares, sucesso financeiro, ganhos sociais, passamos grande parte do tempo sem compreendermos que, verdadeiramente, temos de nos voltar para nosso interior.
Nosso melhor amigo, nosso porto-seguro, nosso amparo, nosso maior objetivo deve residir dentro de nós mesmos. 
Sofre-se por cada ausência, por cada partida, por cada decepção, por cada incompatibilidade. Sofre-se de desamor, um desamor cotidiano, tecido por contas de pequenas mortes diárias. Sofre-se por não encontrar, no espelho do outro, o que verdadeiramente nos sobra (ou falta).
Os sinos não dobram pelo amigo ou pelo outro que está ao nosso lado. Dobram por nós. Por cada lágrima derramada, por cada gesto nobre, pelas angústias de cada dia. Dobram pela certeza crescente e inevitável da falta de sentido implícito do existir. Eles dobram, sim, para que não percamos a sanidade, para que nos voltemos para o interior, para que o exterior não nos desfragmente, com suas agruras e desventuras.
Da próxima vez que o destino lhe for inclemente, avassalador, saiba que sinos (e sinas) batem (ou se desenvolvem) por você, desde que você se coloque como referencial. O poder transformador do observador, quanticamente, pode estabelecer novas e definitivas verdades, ainda que sob a transitoriedade de um mísero e insignificante segundo de lucidez. 

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