sexta-feira, 2 de julho de 2010

CATARSE

Catarse (do grego Κάθαρσις "kátharsis") é uma palavra utilizada em diversos contextos, como a tragédia, a medicina ou a psicanálise, que significa "purificação", "evacuação" ou "purgação". Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama.


Considero minhas atividades ciclísticas como um misto de prazer e catarse. Esta semana, fiz cinco pedais, levando ao extremo minhas condições físicas. Obviamente, um risco comedido, milimetricamente calculado. Afinal, não quero deixar de ser um ciclista aficcionado para virar um inválido ou, no mínimo, um acidentado!!
A catarse leva necessariamente a um processo de purificação, de renovação da química neuronal. Em mentes cujo predomínio é tempestuoso e em eterna metamorfose, como a minha, tal renovação é mais que desejável: é mandatária, imprescindível. As fartas doses de endorfina que me inundam as sinapses, após a atividade física, são capazes de trazer alento ao sistema límbico, tão envolto em processamentos complexos e, por vezes, pouquíssimos construtivos. Dessa forma, o sono vem mais fácil, assim como a dismnésia seletiva para fatos que prefiro esquecer.
O presente diário, dado pelo contato com a natureza, pelo papo saudável com os amigos, tornou-se um dos sentidos mais importantes da minha vida atual. Ousaria dizer que as atividades profissionais me possibilitam a subsistência, para que eu possa ter tais momentos de puro êxtase. Exagero? talvez. Mediocridade? pode até ser. Mas nada tem substituído a paz que me vem depois de tais momentos. Nada.
Obviamente, o contato com minha família é hors-concours. Nem entra em discussão, na lista de prioridades, pois minha família já é, por si só, prioridade máxima na minha vida. Falo dos fatos, pessoas, prazeres e desprazeres secundários, extrafamiliares. 
Sejamos, pois, catárticos, sejam quais forem os instrumentos utilizados. Afinal, elocubração em excesso só aumenta a produção de radicais livres, provoca rugas e traz uma pretensa (e falsa) sensação de estarmos "entendendo" o sentido da vida, já que ela, por si só, não tem nenhum. Temos de dar um sentido à nossa vida, todos os dias, assim que abrimos os olhos. Ainda que os abramos precocemente, em madrugadas frias e solitárias. Não importa. Mesmo assim, podemos colorir com um sentido o nosso dia.
Nessa aquarela mágica, fantástica, o ciclismo ocupa o papel de parede, onde posso desenhar ou pintar detalhes secundários.

2 comentários:

tatapreta disse...

"Ainda que os abramos precocemente, em madrugadas frias e solitárias."

sofri, tio

Unknown disse...

ôxe, rãzinha!! "vida é assim, é o que é" !!!!!